terça-feira, 12 de abril de 2011

Será o sexo coisa inútil?

A propósito do requerimento do PCP acerca de uma campanha pela utilização de preservativos por trabalhadores/as do sexo, lembrei-me da definição marxista de força de trabalho [Cap. VI d'O Capital, sobre compra e venda da força de trabalho; vale a pena, para quem ainda não leu, embora dando o devido desconto quanto ao facto de só se falar em homens]:

"efectivamente, o nosso homem encontra uma mercadoria dotada dessa virtude específica que se chama potencia de trabalho, ou força de trabalho. Sob este nome compreende-se o conjunto de faculdades físicas e intelectuais existentes no corpo do homem, e que o homem deve pôr em movimento para produzir coisas úteis."

Eu até compreendo a perspectiva de uma visão das relações amorosas e afectivas onde não caberia a necessidade de compra de produtos e serviços sexuais... Mas entretanto, considerando a definição marxista de força de trabalho e esta reserva em considerar os/as trabalhadores sexuais como força de trabalho, fiquei intrigada: será o sexo coisa inútil?

Sei que é tema complexo e polémico, e que haverão as mais variadíssimas posições entre quem é marxista. Aqui fica o meu contributo para um debate que vale a pena: afinal não é a dignidade e a vida de muita gente que está em causa quando falamos de questões como as doenças sexuais transmissíveis, as situações de estupro, ou a completa desprotecção laboral e social?

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