Acordei hoje para o mundo depois de 4 dias a dar uma oficina de Curingagem em Teatro d@ Oprimid@ com a minha irmã.
Ontem, pela segunda vez fui curinga.
Ontem pela segunda vez votei.
Chego aqui, à informação destes dias de ausência, e descubro que sábado a polícia usou e abusou do seu poder através da violência contra quem simplesmente exercia o seu direito de liberdade de expressão.
Chego aqui, aos meios que me comunicam a (sua) última hora do meu país, e verifico que a partir de agora seremos governados por dois partidos de direita, conservadores, neoliberais ou filhos de um grande cabrão (que já basta das putas terem culpa disto).
E sinto que não consigo mesmo estar feliz com o mal menor do Sócrates já não ser primeiro-ministro, mas apenas uma continuidade da minha raiva triste em relação àqueles a quem entregamos o nosso país.
Na Grécia vejo um buraco negro criado pela crise que se acentuou depois da TroiKa ter atracado faminta de dinheiro, e vejo pessoas grandes a bloquearem as ruas aos milhares em luta pela dignidade das suas vidas. E grito feliz.
Quando se constrói uma peça de teatro d@ Oprimid@, o problema-opressão que é apresentado deve acabar numa crise, em que @ protagonista perde e não resolve o seu problema. O problema depois é devolvido ao colectivo para o ensaiar transformar e resolver. A este final Boal dá o nome de "crise chinesa", porque na cultura chinesa uma crise é representada por dois ideogramas, um significa perigo, o outro oportunidade.
Quando olho para a Grécia lembro-me da "crise chinesa" do Teatro d@ Oprimid@, pois acredito também que, como diz Boal, somos tod@s espectactores e espectactrizes porque temos a oportunidade simultânea de observar e agir sobre a realidade.
E quero muito que o Portugal de agora não se esqueça que se não virmos a situação de crise actual como um perigo sério e uma oportunidade urgente de pôrmos fim a isto, o dia de amanhã será de um negro de fome e sangue e as ruas deixarão mesmo de ser nossas.
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