terça-feira, 31 de maio de 2011

Há coisas que foram conquistadas. Uma delas foi o voto.

Muito tenho ouvido e visto sobre o significado do voto. A que mais me impressionou, confesso, refere-se a uma foto partilhada pela minha companheira blogueira, a Ana Perovskaia, e que diz: "se votar servisse para mudar, estaria proibido."

É que já foi proibido. Já foi proibido para a gente comum. Já foi proibido para os escravos, para as escravas, para quem não pagava impostos, para as mulheres...

No passado sábado fez cem anos que uma mulher votou, só uma. Votou desafiando todas as convenções sociais, desafiando uma sociedade patriarcal que entendia que a mulher não tinha capacidade de opinar, de decidir. Essa mulher entendeu que o voto - mesmo num sistema político bem mais asfixiante do que o nosso - servia para mudar alguma coisa. E ainda bem que o fez.

Dou todo o valor, e mais algum, à expressão política da rua. Mas não faz sentido ficar à espera que nos venham roubar o direito ao voto para lhe dar o devido valor. E não nos iludemos: é o que está a ser feito quando se tenta reduzir as eleições à ratificação de um programa de governo cozinhado no guarda-chuva da troika. Quando se tenta esvaziar a política pelo jogo rasteiro do "internacionalismo monetário".

Há direitos relativamente aos quais não estou disposta a abrir mão. Um deles é o direito ao voto.

2 comentários:

  1. "se votar servisse para mudar, estaria proibido." - O desejo de ver a jusante(mais além) impede-nos de ver a montante. É obvio que o direito ao voto existe porque as forças políticas sabem da insuficiência dos/das cidadãos/cidadães em escolherem e expressarem livremente a sua vontade. As mensagens são manipuladas, são estruturadas, formatadas para obterem um determinado efeito. Onde fica a Liberdade. A conquista deve ser feita pela educação e pela formação. Elementos fundamentais à livre e verdadeira escolha e à vivência da plena cidadania. Paulo Jorge.

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  2. Concordo Paulo Jorge: a educação e a formação são essenciais. E nada disso é incompatível com o voto. Pelo contrário, devemos é lutar para que a escolha [o voto não é mais do que isso, uma escolha] seja informada. Porque educação e formação sem direito a escolha [através democracia representativa; da democracia participativa] fica algo coxa...

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