sexta-feira, 15 de abril de 2011

E se o meu gato contrair uma dívida?


Concebendo as dívidas como pedras no sapato de toda a gente, pergunto-me eu como podemos nós descalçar os sapatos? É a filha, é a mãe, é o tio, é a amiga da tia da prima do Alexandre, é até o caraças do país. Tod@s têm a sua conta. E não começa a parecer estranho? Não começa a esticar uma dor aguda no calcanhar? Não estranhamos nós viver em função de dívidas que nos fazem pagar sempre muito mais do que aquilo que recebemos. Que sobem e sobem ao sabor das taxas de juros.

Na escola disseram-me que estávamos a construir uma Europa. Aberta. Social. Carregadinha de vantagens económicas. Aberta para tod@s, menos para quem foge da miséria em que se tornou os seu país endividado. Social para os pobres dos jogadores de golfe, que pouco ou nada têm para jogar o seu jogo descansadinhos.

E volto eu a perguntar-me. Vantagens económicas para quem? Vá, digam-me lá. É que ando há meses a espreitar os bolsos do meu país e só vejo buracos sem fundo. E ainda temos de assistir ao despudor de Merkeis, e afins, deveras aborrecidas com Portugal por não ter aprovado o PEC4. Ou virem-me dizer que no dia seguinte a Portugal aceitar ajuda externa, “os maiores bancos privados nacionais ganharam 350 milhões de euros num dia”. O quê? Devem pensar que por ter sido no dia seguinte nós não percebemos que foi por nossa causa. Por causa dessa hipocrisia caritativa de nos virem ajudar. Querem-nos burr@s e asseadinhos, a injectar barris de dinheiro nos Bancos fofos que tiveram pena de nós. Querem-nos a sangrar do pé, porque a pedra cresce e ninguém percebe como. Querem mesmo que deixemos de caminhar. Que paremos, coxos da gangrena em que as nossas pernas se tornaram.

Ganhar 350 milhões de Euros com a desgraça de um país é obsceno. Ganhar 4 mil euros com os estudos de um/a jovem é vergonhoso. Não, não quero a bengala de quem nos pôs coxos. Mas como sempre não nos perguntaram nada. Fico-me com saudades de uma Islândia que não é Islândia porque é Portugal. Um país que decidiu que as pessoas têm a possibilidade de tomar as rédeas das suas vidas e do seu país e que não encha os cofres de quem roubou os nossos.

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