sábado, 26 de fevereiro de 2011

Uma História de Bom Senso

Numa Assembleia Magna, de estudantes de uma Universidade (pouco) pública, onde se pretende propor a adesão da Associação Académica – que se quer porta-voz dos/as estudantes – ao protesto de dia 12 da Geração à Rasca, deixa-me um pouco indignada ouvir estudantes dizerem que não faz sentido, porque não temos motivos para isso, juntarmo-nos ao protesto. Mas a moção que propunha esta adesão acabou por ser aprovada – isto significa que, para além de ainda existir algum bom senso nesta academia, quem quiser ir para Lisboa, no sábado dia 12, poderá fazê-lo em autocarros garantidos pela Associação Académica de Coimbra -, mas eu pergunto-me: como não há motivos? Que realidades tão desfocadas são as destes/as estudantes? São cores tão fortes - as partidárias - que os cegam assim? Pois eu digo: acorda! É a vida, estúpido/a! “Economicamente viável” não é suficiente para nós. Suficiente para me fazer sair à rua é esta inquietação de saber que o que me espera quando acabar o curso está longe de ser estabilidade.

Nas aulas de Jornalismo professores e professoras dizem-nos que o mercado do Jornalismo está fechado, que temos de procurar “soluções”, mas a licenciatura chega ao fim e o estágio que nos proporcionam – quando proporcionam – não é remunerado. Mas claro, nós só gastamos mais de 3000€ na Universidade, como pude pensar que seria o suficiente para nos garantirem um estágio? Estágio que, por sua vez, poderá garantir a “experiência”, que nos garantirá um emprego, com alguma sorte – repito, emprego; repito, com alguma sorte. Mas claro, a culpa é minha, que tenho demasiadas aspirações e meti na cabeça que tinha de estudar, quando “desprofissionalizar” se tornou a consequência imediata do mercado de trabalho que se vai fechando.

Se calhar isto não interessa a todos/as, mas só a própria ideia de “fechar o mercado do Jornalismo” me assusta. Há dias, confrontado com esta ideia, um professor de Sócio-economia (sim, as pessoas estão para além do mercado) perguntou-se: “onde parará a nossa liberdade de expressão”? Nos dias que correm eu não lhe antevejo um futuro melhor que o nosso, que o da nossa geração.

Ao interesse pessoal e ao egoísmo que se fazem sentir em ambientes como uma assembleia de estudantes – que se querem críticos/as e reivindicativos/as (mais não seja por um futuro) – contraponho com altruísmo e generosidade. À permanente busca do lucro da nossa sociedade – que se reflecte na nossa universidade e, logicamente, nos nossos estudos e na nossa vida – contraponho com a solidariedade. Porquê sair à rua dia 12? Porque temos poder para mudar a sociedade, mas como um todo e não sozinhos/as.

Aos/às que adoram falar de democracia ao microfone e que tendem a alienar-se da realidade do nosso espaço social no seu próprio umbigo, digo que: a democracia… tem despesas muito chatas, não é? Pois só me ocorre um senhor, de seu nome Aristóteles, que dizia que a melhor gestão dos recursos é a que proporciona a todos/as uma vida boa. Acho que estamos com “um problema de memória histórica”, será?

(a ironia é a minha mais-valia)

Nenhum comentário:

Postar um comentário