quinta-feira, 10 de março de 2011

a bipolaridade de uma vida insegura

Hoje fiquei assim com o coração na boca... esta coisa de a vida não ir nada fácil, transforma-nos em seres quase bipolares, sem diagnóstico identificado. É como se subíssemos e descêssemos montanhas, dia-após-dia.
A insegurança da minha/nossa vida actual tenta derrubar-me as forças, mas eu não deixo, porque junt@s somos mais fortes. Nós as pessoas que estão com uma corda ao pescoço, amarrada pelos bancos e por isto e por aquilo.
Falo em bancos porque são eles os grandes oportunistas desta minha história.
Entrei para a Universidade com 18 anos e ao fim de uns meses, apercebemo-nos (eu e os meus pais), que não conseguíamos suportar os gastos que estava a ter, entre livros, casa, propinas e alimentação. Das duas uma, ou trabalhava e ficava sem tempo, ou pediamos um empréstimo. Pedimos um empréstimo com a ilusão de que na hora de o pagar o faríamos entre tod@s.
A vida ficou apertada e conclusão: tenho 22 anos e vou ter de pagá-lo sozinha. (Se tivéssemos uma bola de cristal tínhamos previsto que as coisas iam ficar mal para tod@s)
O curso está feito desde setembro, numa área que me apaixona, a Animação Socioeducativa. Mas estamos em Março, e as paixões não curam o facto de em Maio ele começar a cair em jorro da minha conta. 342 euros por mês (consoante os humores da taxa euribor), durante 9 anos. Volto a repetir, 324 euros por mês, durante 9 anos.
Salário mínimo? Caga nisso, não podes porque senão ficas sem comer. Contrato precário? Epáh, poderes até podes, mas quando acabares corre, corre, corre para o próximo. Emigrar? Mas eu até gosto do meu país...
Resumindo e concluindo, resta-me apenas lutar colectivamente pela transformação deste nosso mundo. E a transformação, essa, é demorada, é complexa, é extenuante, é frente e trás, é de persistência, é de criatividade, é de música e é de teatro e é de tantas coisas. Mas o contrário é ir ao fundo, e isso é muito pior.
Como disse o Zé Mário
"Porquê, não sei
Mas sei
Que essa coisa é que é linda."

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