Dia doze, dia doce.
On revolution till it happens. On lovelution always.
Querido país:
Há algum tempo cansada - por vezes extenuada - dos soldados da bolsa, do FMI, do Sócrates, dos abusos de poder, da nova religião totalitária da economia, dos exércitos dos bancos todos os meses a metralhar a minha conta, do salário que não se reinventa, não estica (ou, em resumo, simplesmente não dá), da dor de cabeça dos governos e das oposições naquela relação de arena na Assembleia, do Cavaquistismo, do regime da comentação televidiota, da estupidez estúpida dos mercados e doutros bláblás e coisa e tal, confesso, de há uns meses para cá, andar a viver madrugadas de esperança.
Quero, confesso, viver bem - imagina lá tamanha desfaçatez – e daqui, deste corpo pequeno, parada no meio do mundo, confesso também sempre ter achado que és mais nosso do que teu, país. Que quem te faz não são as tuas fronteiras, somos nós. Portanto serás, quod erat demonstratum, aquilo que nós quisermos, não? Some-se a isso dizer-se que dos sonhos não se morre, o que parece altamente vantajoso para a actividade de sonhar livremente, e voilá. Nem é preciso se preocupar com excessos, pois sonho não é gordura.
Parece-me então que por isso, dia após dia, de há uns meses para cá como te dizia, vou acordando com a utopia ao lado. Gradualmente, ela vai parecendo cada vez mais real e há dias que até me dá abraços e beijinhos entre os lençóis, imagina.
Talvez, então, quem sabe, portanto, amanheças assim também, país. Como eu, lado a lado com a utopia. Digo-te mais: Ouve-se o mar atrás das janelas. Acho que vai entrar.
Até lá, beijos, pois claro.
(pintura de Luís Roque)
(pintura de Luís Roque)
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