Ouço o silêncio da calma deste quarto.
Penetra-me com inquietude.
Não, não pode ser.
As palavras que a revista emana assustam-me.
Estou aterrada.
O mundo não colide com este quarto.
Quero sentir na pele dos meus olhos o sangue dos olhos dos outros.
O sangue dos olhos dos outros é negro. É da cor do sangue que a terra teima em jorrar.
Oh Terra!
Acaba com esta merda pá!
Que estes corpos que por ti vagueiam têm sede do teu sangue.
Uma sede de loucos.
A sede é de loucos.
E os loucos andam lá em cima.
Os loucos bebem whisky.
Os loucos abrem as pernas delas.
Mas não se esquecem do teu sangue negro.
A louca agora sou eu.
Estou num quarto.
O silêncio entra por um qualquer buraco da porta e eu só ouço nele o grito do sangue dos olhos dos outros.
Tenho medo.
(Um poema que fiz há quase dois anos.
Hoje parece que o mesmo som me entra pela janela,
mas aliado ao medo vem a força)
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