terça-feira, 22 de março de 2011

A sede é de loucos

Ouço o silêncio da calma deste quarto.
Penetra-me com inquietude.

Não, não pode ser.

As palavras que a revista emana assustam-me.
Estou aterrada.
O mundo não colide com este quarto.

Quero sentir na pele dos meus olhos o sangue dos olhos dos outros.

O sangue dos olhos dos outros é negro. É da cor do sangue que a terra teima em jorrar.

Oh Terra!
Acaba com esta merda pá!
Que estes corpos que por ti vagueiam têm sede do teu sangue.

Uma sede de loucos.

A sede é de loucos.

E os loucos andam lá em cima.
Os loucos bebem whisky.
Os loucos abrem as pernas delas.
Mas não se esquecem do teu sangue negro.

A louca agora sou eu.
Estou num quarto.
O silêncio entra por um qualquer buraco da porta e eu só ouço nele o grito do sangue dos olhos dos outros.

Tenho medo.

(Um poema que fiz há quase dois anos.
Hoje parece que o mesmo som me entra pela janela,
mas aliado ao medo vem a força)

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