quinta-feira, 31 de março de 2011
Ciclo de Cinema Porno Feminista
E não é que umas mentes obscenas decidiram fazer um ciclo de cinema porno feminista... onde é que já se viu tamanha pouca vergonha!?
Ainda por cima num blog com etiqueta veemente apoiada pela nossa querida Paula Bobone. O que vale é que o cartaz é cor de rosa.
Ora espreitem lá... (não se preocupem que não dizemos a ninguém)... http://www.facebook.com/?ref=home#!/event.php?eid=176932062353975
terça-feira, 29 de março de 2011
O Regresso da Contestação na Rua e na Música
O REGRESSO DA CONTESTAÇÃO NA RUA E NA MÚSICA
4ª feira, 30 de março, às 22 horas, no Chapitô, em parceria com o blog 5 dias (no qual também participo), Debate sobre a ascensão das gerações à rasca nas ruas e o reaparecimento da música de intervenção.
Oradores:
Helena Matos – (Blasfémias)
João San Payo – Músico dos Peste & Sida
Miguel Morgado – Cachimbo de Magritte
Tiago Mota Saraiva – 5 dias
António Tomás – Jornalista, antropólogo e colunista no Novo Jornal (publicação angolana)
Sérgio Vitorino – 5 dias/ Também Jogamos Sapato/ Panteras Rosa
Moderador:
Vítor Belanciano – Crítico cultural e jornalista
30 de março, às 22 horas, no Chapitô
segunda-feira, 28 de março de 2011
O BPN custou-nos mais de 13 milhões de salários mínimos. E o povo, pá?
domingo, 27 de março de 2011
Manual bobone para a luta [em construção]
Agradece-se a Bobone, Stilwell, V. J. Silva e outros a amável inspiração
Indumentária
- Se é mulher: Use maquilhagem leve, resistente ao calor. Leve sempre um chapéuzito adequado. Aconselha-se tailleur sóbrio e fresco. Não caia na tentação de usar calçado de salto raso. A elegância deve estar presente em qualquer ocasião, especialmente em situações de intensa visibilidade pública. Uma senhora tem de estar sempre preparada.
- Se é homem: Barbeie-se cuidadosamente, por favor. Vista casual, mas elegante.
Postura, elegância e savoir faire
- Não grite (cruz credo!). Não vale a pena e nunca fica bem. Fale baixinho, devagar, use moderação e coloque toda a sua boa educação no linguajar.
- Guarde as suas opiniões para si, especialmente se é mulher. Não queremos loucuras, pois não?
- Se pretende criticar alguém, faça antes uma pequena revisão mental: É alguém de status social mais elevado? De uma família de uma linhagem mais antiga ou mais pura que a sua? Com mais idade? Se for o caso, não critique. Se tiver mesmo de ser, não se esqueça de referir previamente que lamenta ter tomado a liberdade.
- A propriedade privada é sagrada. Nunca a ocupe ou sequer pense se aproximar dela sem a benção dos seus proprietários, mesmo que esses sejam um qualquer endereço com sede em paraíso fiscal ou estejam abandonados há tempos sem fim.
- Nunca atire sapatos, chinelos, etc. Se tiver mesmo de o fazer, use apenas os de marca italiana.
- Se levantar a mão, faça-o com delicadeza. De preferência, use apenas um dedo, como aprendeu - e bem - na escola. (Cuidado, não se engane no dedo!!)
- Procure andar alinhado, a um ritmo adequado, sem levantar as pernas ou os braços em demasia. Há vários vídeos da Moda Lisboa onde se pode inspirar.
- Se é desempregado, “quinhentoseurista” ou outro mal remunerado, escravo disfarçado, subcontratado, contratado a prazo, falso trabalhador independente, trabalhador intermitente, estagiário, bolseiro, trabalhador-estudante, estudante, mãe, pai ou filho de Portugal, não seja parvo, não vá. Onde é que tal já se viu, francamente? Pense no que poderiam dizer de si, ou em como é que isso ficaria no seu currículo. Para quê complicar mais as coisas, não é?
sábado, 26 de março de 2011
Grandma in the new london calling
[n se vê bem, mas o cartaz diz: "now you've pissed off grandma"]
Uncut: o movimento pela alternativa à austeridade
sexta-feira, 25 de março de 2011
Juntas demos mais um nó na rede
Mas começamos por falar de uma questão pouco estranha nas nossas vidas ou nas das/os outras/os que nos envolvem, a violência doméstica. Slide a slide, expôs-se a sequência das histórias de violência, dos comportamentos, das relações e dos resultados. E nos olhos e nos comentários espelhava-se identificação de quem ouviu, viu ou sentiu esta realidade na sua casa, na casa da vizinha ou na casa da tia. Como se de uma novidade antiga se tratasse. E foi importante por isso mesmo, porque permitiu descobrir véus, desconstruir mitos e, quem sabe, denunciar no futuro um caso que se conhece. Porque é crime, crime público.
O resto foi convívio. Foi comer coisas boas, doces e salgadas, que cada uma fez com as suas próprias mãos. Foi conversar as coisas da vida, das nossas vidas, iguais e diferentes a tantas outras. Foi observar a gargalhada de uma ou a seriedade da outra. Foi contar as peripécias quase “picantes” de viver um raro, mas inocente, dia de amigas. Foi dar mais um ponto na rede do Projecto com as Mulheres da pesca.
(Este foi um artigo escrito por mim, que saiu no Açoreano Oriental do dia 27 de Fevereiro. É sobre um encontro da Rede de Mulheres na Pesca, resultado de um longo percurso de "empowerment" com mulheres deste sector económico tão importante, mas tão invisível, nas ilhas dos Açores. Quem as viu e quem as vê fica de queixo caído com a o seu à vontade em público, com o seu discurso, a sua auto-estima ou a sua vontade de saber mais sobre o mundo. E eu por cá vou aprendendo muito.)
Foto de: Laurinda Sousa
Porque o nosso futuro seria outro...
Eu sonho com um país que se revolte contra os bancos.
A Islândia passou do sonho à realidade.
Chegaremos nós a esse dia?
Os snobs, por Paula Bobone
Os snobes são apresentados como uma classe de gente afectada que investe na imitação das classes altas, como forma de ascensão social. Aproximam-se das pessoas que consideram modelos sociais e tentam reproduzir a sua estética. Os snobes imitam a vida. Os snobes têm o desejo de "ser". São bons entendedores da lógica do prestígio social e formam uma elite artificial com um complexo de superioridade activo. Eles aspiram, suspiram, são verdadeiros trepadores em luta por uma posição mundana. Para eles, o struggle for life transforma-se no struggle for high life. Esta expressão inglesa define bem o tipo de vida agradável das pessoas da moda. Como disse Claudel, "o snobe é um mundano em potência".
A sua carreira é de frivolidade e desprezo pelos valores morais dos outros. Dá muita atenção à classe social e não gosta das classes inferiores. O snobe gosta de ser tratado de maneira diferente, com distinção. Eles aspiram à mudança de classe. É de referir a frase-. "O snobismo é a única confissão que promete o Paraíso na Terra". Os snobes são portanto admitidos no paraíso terrestre e na sociedadedos contos de fadas. Há que admitir também a existência dos snobes frustrados, dos anti-snobes e dos snobes intelectuais. O snobismo anti-snobe é pior que o snobismo propriamente dito. Os snobes têm boa aceitação mundana mas são simultaneamente criticados por serem afectados e preciosos nas formas da estética em detrimento dos conteúdos da moral.
(...)
Os snobes são sementeiras onde germinam variedades de sementes. Orgulham-se de saber muito de certos assuntos: genealogias, memorialismo aristocrático, nomes de pessoas, desempenham o chamado name dropping, estão ligados ao bom gosto, às antiguidades, às modas, desportos de elite, usam expressões inglesas que misturam com francês, banem o calão das classes trabalhadoras etc... Os homens são membros de clubes como o Jockey, Turf ou o Tauromáquico, as mulheres frequentam os cabeleireiros de luxo e dedicam-se a mediáticos eventos de caridade. Pretendem-se frequentadoras hábeis e esforçadas de ambientes sociais mais ilustres e reservados.
Adoptam os sinais exteriores e tiques da burguesia de dinheiro ou da nobreza histórica.
Cultivam uma linguagem própria com respeito servil pelos tabus linguísticos das classes altas.
Podem ser importantes líderes de opinião.
Podemos assim concluir que existem pessoas de qualidade e pessoas que as imitam."
Paula Bobone, em Socialmente Correcto
Alerta! Alerta!
CONTRA O DOMÍNIO DAS GRANDES POTÊNCIAS
FORA O IMPERIALISMO INTERNACIONAL
QUE TEM NAS MÃOS METADE DE PORTUGAL
ABAIXO O IMPERIALISMO!
quinta-feira, 24 de março de 2011
Debatendo sobre a Líbia
1. As guerras são temas dificílimos. Não só pela sua complexidade como também porque nos colocam perante o fio ténue que separa a vida da morte. Por mais verdade de la palice que isto pareça, acho que nunca é demais referi-lo. Não acho que existam guerras boas.
2. Temos uma cultura de guerra muito mais impregnada do que uma cultura de paz. Quando a paz existe é tomada como um dado adquirido e não se investe nela. Já a guerra, além de ser assumida como "natural", "inevitável" é constantemente construída como cultura, desde os media ao cinema ou até aos brinquedos para crianças. Por isso também, nos faltam soluções de paz ou ideias alternativas de construção de paz em situações complexas.
3. Com a ida ao Congo vi-me perante uma grande dificuldade em manter a clareza da minha posição relativamente à desmilitarização. Porque me apercebi, no concreto, da dificuldade que é dizer, por exemplo, àquelas mulheres que vivem continuamente sob a ameaça da violação, de perda das suas vidas e das pessoas que lhe são próximas, da destruição do seu país, que apoiarem o reforço do seu exército - corrupto, ele próprio violador, patriarcal, etc - era uma ridicularia. Porque senti que dizê-lo sem ter propostas específicas para elas se defenderem de outra forma, era uma barbaridade de quem não sabia o que era essa ameaça. E, de facto, apesar de algumas propostas de redes de defesa popular que existiam dos colectivos de mulheres de lá, não haviam soluções, nem imediatas nem a médio prazo. As únicas propostas construtivas que me pareceram evidentes eram o reforço daqueles colectivos, dos seus processos de organização, a visibilidade internacional das suas realidades e formas de luta (além do desmascarar das óbvias razões de interesse económico internacionais que mantinham aceso o conflito), bem como a continuidade do debate feminista internacional com participação de colectivos de mulheres a viver em zonas de conflito para construir propostas concretas, mesmo que essas propostas só com o tempo possam ir dando frutos.
4. Incomoda-me muito, neste caso, a rapidez com que a ONU (ONU? Países com veto? NATO? Os eternos interesses da indústria bélica?) prepararam e começaram a executar uma intervenção armada. Como se estivessem já à espera de uma maneira de conseguir entrar e controlar a zona, tão com cheiro de liberdade nos últimos tempos. Para além de não ver se, de facto, isso poderá terminar com a realidade de violência que a Líbia está a viver e com o poder do Kadhafi, ou se irá, bem pelo contrário, iniciar mais um longo processo de conflito continuado. Sempre me pareceu que bombas para ajudar a paz é um paradoxo demagógico desde há muito usado por países interessados em fazer a guerra por desejos de poder ou de dinheiro.
5. Posto isto, que fazer com a bola que fica presa na garganta ao ver o Khadafi a dizimar o povo da Líbia? Não sei. E é terrível essa impotência, claro. Apoiar de todas as formas que nos forem possíveis a capacidade do povo líbio manter a revolta, reforçar a sua luta, talvez seja por aí. Continuar a insistir na paz, a aprender a fazê-la. Até um dia a história começar a ser o contrário da que temos vivido.
Militarização pela democracia?
Quando ouvi falar em intervenção de forças internacionais percebi que não dava para manter muito mais tempo a cabeça na areia. A verdade é que não acredito que a escalada da violência, que uma escalada militar vá resolver o quer que seja. Sou incrédula quanto às intenções de atender às reivindicações da oposição, especialmente quando os interesses geopolíticos das grandes potencias na região são imensos. Por outro lado, uma escalada militar em nada reforça os movimentos pela democracia que se têm espalhado um pouco por todo o mundo árabe: afinal, “os povos do Norte de África, e do Médio Oriente estão à procura de menos, não mais militarização dos seus países”.
quarta-feira, 23 de março de 2011
Deixa-te de políticas...
porreirinho da Silva, e salve-se quem puder que a vida é curta
e os santos não ajudam quem anda para aqui a encher pneus
com este paleio de Sanzala e ritmo de pop-xula, não é filho?
José Mário Branco, em FMI
Kadhafi e a guerra
terça-feira, 22 de março de 2011
A sede é de loucos
Penetra-me com inquietude.
Não, não pode ser.
As palavras que a revista emana assustam-me.
Estou aterrada.
O mundo não colide com este quarto.
Quero sentir na pele dos meus olhos o sangue dos olhos dos outros.
O sangue dos olhos dos outros é negro. É da cor do sangue que a terra teima em jorrar.
Oh Terra!
Acaba com esta merda pá!
Que estes corpos que por ti vagueiam têm sede do teu sangue.
Uma sede de loucos.
A sede é de loucos.
E os loucos andam lá em cima.
Os loucos bebem whisky.
Os loucos abrem as pernas delas.
Mas não se esquecem do teu sangue negro.
A louca agora sou eu.
Estou num quarto.
O silêncio entra por um qualquer buraco da porta e eu só ouço nele o grito do sangue dos olhos dos outros.
Tenho medo.
(Um poema que fiz há quase dois anos.
Hoje parece que o mesmo som me entra pela janela,
mas aliado ao medo vem a força)
E o Yemen, como vai?
Foto de Muhammed Muheisen / AP
Após a morte de 52 manifestantes, vários militares uniram-se aos manifestantes. Vários membros do Governo demitiram-se. Reportagem actualizada aqui: Periodismo Humano
quinta-feira, 17 de março de 2011
o que deixou sábado para nós
Dia 19, boas razões para sair à rua
Haja paciência para o Bloco de Esquerda-Açores...
Ontem li esta pérola do Bloco de Esquerda Açores...
De seguida, este texto entra no seu quê de chibaria ao identificar (ou tentar fazê-lo) pessoas que estavam presentes neste protesto: "pessoas que foram aderentes do Bloco de Esquerda/Açores, mas que deixaram de o ser, há vários anos " (a eventual dificuldade em identificar, neste caso, poderia dever-se ao facto de no Bloco de Esquerda Açores não faltarem ex-aderentes...). O acto de bufo, seja como for, ficou feito.
E já agora bora repor os factos - mesmo porque as lideranças do BE-Açores nem sequer estavam lá neste momento, como se depreende pelo esclarecimento - falam portanto do que não viram nem sabem. Quando estávamos à frente do Palácio do Governo, alguém se lembra que está a decorrer no CC Solmar um programa da RTP-Açores e propõe irmos para lá. Quem organizara a manifestação decidiu - uma vez que estava fora do que tinham previsto enquanto percurso da manifestação - acabar a manifestação por ali. Conclusão: a forma como o protesto continuou foi sob a responsabilidade individual de quem lá estava (como sempre é, afinal de contas). Lá continuou pela avenida, mais de metade das pessoas que estavam na manifestação, a cantar e a gritar "o povo unido jamais será vencido".Chegou ao Solmar onde já estava um grupo de polícias a barrar as entradas principais. Por ali ficamos, entre cantos, cartazes e gritos de protesto. Entre o vai não vai e o entra não entra, em grupo ou a sós, as pessoas vão entrando pelas lojas e pelas portas, uma após a outra. Lá dentro, aquela mise en scéne de directo televisivo, agora com as nossas vozes pelo meio. Uns minutos ficamos lá dentro, sempre no mesmo tom, de palavras de ordem e cantiga. A polícia foi retirando @s protestantes. As pessoas saíram. Estava lindo o fim de tarde, por isso lá ficamos, na conversa, a tocar, a dançar ou a comer um gelado pelo pôr-do-sol adentro. Como podem ver, mais pacífico não há. A não ser que o Bloco de Esquerda Açores repudie a liberdade de expressão...
(e prontos, depois disto tenho de acabar em breve o meu próximo post :"Reinventem-se os partidos políticos. Afinal fazem parte do problema ou vão ser parte da solução?")
Muda também o profundo
"Muda o superficial
Muda também o profundo
Muda o modo de pensar
Muda tudo neste mundo
...
Mas não muda meu amor
Por mais longe que eu me encontre
Nem a recordação nem a dor
De meu povo e de minha gente
O que mudou ontem
Terá que mudar amanhã
Assim como eu mudo
Nesta terra tão longinqua
Muda tudo muda
Muda tudo muda
Muda tudo muda
Muda tudo muda"
segunda-feira, 14 de março de 2011
Olha como lhes fica bem...
Não resisti em apropriar-me desta apanhada no oblogouavida. É que desde o Sr. Presidente Cavaco ao Ex-Primeiro Ministro Santana, passando pelo líder da JSD, esta súbita proletarização do PSD não deixa de ser um fenómeno espantoso!
domingo, 13 de março de 2011
A Primavera chegou...
Ontem, 12 de Março, 1 mês e meio depois dos Deolinda terem lançado o grito de uma geração inteira, as ruas encheram para mostrar que há verdades que vêm por bem.
Emocionaram-se, dedicaram-nos a música e fizeram levantar o público presente num concerto na Galiza.
E a Primavera chegou...
sábado, 12 de março de 2011
Nos Açores, manifestações na Horta, Angra e Ponta Delgada
sexta-feira, 11 de março de 2011
Tudo o que quer saber sobre as manifestações de 12 de março e não tem vergonha de perguntar
[por aventar]
1. A manifestação é pela demissão de toda a classe política?
Não. Existe um manifesto, onde em parte alguma se fala de tal coisa. Leia-o.
2. Mas então quantas manifestações estão convocadas?
Várias, nas principais cidades portuguesas e mesmo junto a algumas das nossas embaixadas. Houve uma confusão com o grupo “1 milhão na Avenida da Liberdade pela demissão de toda a classe política”, o qual já emitiu um comunicado, esclarecendo não estar “de forma alguma ligado à organização do protesto “geração à rasca. Enquanto movimento livre e espontâneo de cidadãos, este grupo desde a 1ª hora se solidarizou com o protesto, divulgando e incentivando os seus membros participarem da manifestação do dia 12 de Março”
3. E o mail que por aí circula com uma série de reivindicações?
Circula por iniciativa de quem o escreveu. Não foi subscrito pelos organizadores das manifestações.
4. Os partidos políticos foram convidados e vão participar?
Os promotores dirigiram uma Carta aberta a todos os Cidadãos, Associações, Movimentos Cívicos, Partidos, Organizações Não-Governamentais, Sindicatos, Grupos Artísticos, Recreativos e outras Colectividades, e irá quem quiser participar. No meio da confusão gerada, era o mínimo que poderiam fazer até para se demarcarem da ligação com a tal demissão de toda a classe política.
5. É verdade que a extrema-direita está envolvida na manifestação?
No facebook aparecerem convocatórias para várias manifestações, e concentrações, algumas claramente conotadas com a extrema-direita. Têm um apoio irrelevante.
6. A manifestação é para que idades?
Dos 7 ao 77, digo eu. Embora convocada por jovens, o apelo à participação abarca todos, os que de uma forma apartidária, laica e pacífica se queiram manifestar.
Digo eu, que sou doutra geração e vou, acrescentando que ando nisto há muito tempo e sei que a minha geração nunca seria capaz de organizar um protesto desta envergadura, e desta forma autónoma e independente. A minha geração era capaz de fazer 427 reuniões e discutir o 25 de Abril, o 25 de Novembro, o sexo dos anjos, e mais umas tolices. Ainda lá estávamos.
quinta-feira, 10 de março de 2011
a bipolaridade de uma vida insegura
A insegurança da minha/nossa vida actual tenta derrubar-me as forças, mas eu não deixo, porque junt@s somos mais fortes. Nós as pessoas que estão com uma corda ao pescoço, amarrada pelos bancos e por isto e por aquilo.
Falo em bancos porque são eles os grandes oportunistas desta minha história.
Entrei para a Universidade com 18 anos e ao fim de uns meses, apercebemo-nos (eu e os meus pais), que não conseguíamos suportar os gastos que estava a ter, entre livros, casa, propinas e alimentação. Das duas uma, ou trabalhava e ficava sem tempo, ou pediamos um empréstimo. Pedimos um empréstimo com a ilusão de que na hora de o pagar o faríamos entre tod@s.
A vida ficou apertada e conclusão: tenho 22 anos e vou ter de pagá-lo sozinha. (Se tivéssemos uma bola de cristal tínhamos previsto que as coisas iam ficar mal para tod@s)
O curso está feito desde setembro, numa área que me apaixona, a Animação Socioeducativa. Mas estamos em Março, e as paixões não curam o facto de em Maio ele começar a cair em jorro da minha conta. 342 euros por mês (consoante os humores da taxa euribor), durante 9 anos. Volto a repetir, 324 euros por mês, durante 9 anos.
Salário mínimo? Caga nisso, não podes porque senão ficas sem comer. Contrato precário? Epáh, poderes até podes, mas quando acabares corre, corre, corre para o próximo. Emigrar? Mas eu até gosto do meu país...
Resumindo e concluindo, resta-me apenas lutar colectivamente pela transformação deste nosso mundo. E a transformação, essa, é demorada, é complexa, é extenuante, é frente e trás, é de persistência, é de criatividade, é de música e é de teatro e é de tantas coisas. Mas o contrário é ir ao fundo, e isso é muito pior.
Como disse o Zé Mário
"Porquê, não sei
Mas sei
Que essa coisa é que é linda."
Confesso madrugadas de esperança
Há algum tempo cansada - por vezes extenuada - dos soldados da bolsa, do FMI, do Sócrates, dos abusos de poder, da nova religião totalitária da economia, dos exércitos dos bancos todos os meses a metralhar a minha conta, do salário que não se reinventa, não estica (ou, em resumo, simplesmente não dá), da dor de cabeça dos governos e das oposições naquela relação de arena na Assembleia, do Cavaquistismo, do regime da comentação televidiota, da estupidez estúpida dos mercados e doutros bláblás e coisa e tal, confesso, de há uns meses para cá, andar a viver madrugadas de esperança.
Quero, confesso, viver bem - imagina lá tamanha desfaçatez – e daqui, deste corpo pequeno, parada no meio do mundo, confesso também sempre ter achado que és mais nosso do que teu, país. Que quem te faz não são as tuas fronteiras, somos nós. Portanto serás, quod erat demonstratum, aquilo que nós quisermos, não? Some-se a isso dizer-se que dos sonhos não se morre, o que parece altamente vantajoso para a actividade de sonhar livremente, e voilá. Nem é preciso se preocupar com excessos, pois sonho não é gordura.
Talvez, então, quem sabe, portanto, amanheças assim também, país. Como eu, lado a lado com a utopia. Digo-te mais: Ouve-se o mar atrás das janelas. Acho que vai entrar.
(pintura de Luís Roque)
O poder da agenda da geração à rasca
Quando a gente egípcia tomou como sua a Praça da Tahrir exigindo a demissão do presidente Mubarak ouviu-se, um pouco por todo lado, o temor: se o presidente sai quem fica no poder? É que não havendo uma proposta de liderança vai ser criado um vazio de poder, e isso é o caos, é a confusão. Este foi aliás o argumento para a defesa de um cenário de transição democrática, assente na conclusão do mandato de Mubarak. Mubarak chegava mesmo, qual pai condescendente, a demonstrar-se capaz de compreender algumas reivindicações, mas dizia-se incapaz abandonar o país num momento tão difícil deixando atrás de si um vazio de poder. As pessoas já tinham expressado a sua vontade, tinham sido ouvidas, agora seria tempo de voltarem a casa, deixarem o governo do país para quem de direito. Como é claro, o povo, a gente egípcia que ocupava a praça não se demoveu. Não pretendia apenas apresentar um rol de queixumes. Tinha um objectivo claro – a demissão do presidente e, com isso, o fim de um regime de décadas de ditadura. Não era de um vazio de poder que se tratava. O que gente egípcia que se foi juntando aos milhões naquela e noutras praças pretendia era o fim de um poder, para podere tomar os seus destinos nas suas mãos. Sabia que isso só era possível começando de novo, do zero.
O protesto da geração à rasca surge numa altura em que imaginário da revolução egípcia estava bem presente. A revolução egípcia teve esse impacto: tudo era possível na vontade e persistência de ocupar as ruas. Trouxe alento para aqueles/as que sentiam necessidade de reinventar a luta, que precisavam de alguma coisa para acrescentar sentido ao protesto. E é neste imaginário que se afirma a geração à rasca. Os Deolinda expressaram a decepção de uma geração. Quem convocou o protesto da geração à rasca soube convocar essa decepção num manifesto e numa data do protesto. Os Homens da luta trouxeram alegria à luta. A novidade foi a lucidez e o humor, o rir para não chorar, o animar para não acomodar. Tudo isto sem “a” liderança, sem "o" programa, sem o dia antes nem o dia depois programados. Nem era preciso. Afinal tratava-se da geração "eu já não posso mais!"; Que esta situação dura há tempo demais.
Tudo isto faz uma confusão terrível, se não tem liderança é porque o movimento é frágil, se não tem programa é porque não sabem o que querem, se convocaram o protesto é porque querem a demissão de alguém [se no caso egípcio a bandeira era a demissão do presidente, no nosso caso, vá-se lá entender porquê, o que era preciso, é óbvio, era a demissão da “classe política"]. Afinal, muitos concluíram, a geração não sabe o que quer, é irresponsável, sempre é rasca. Ou então sabe, e isso é perigoso. O que ninguém entende é que o principal objectivo do movimento não era disputar “o poder” [até podia ser, mas não era esse o caso], mas disputar agenda com “o poder”., impor a sua agenda de problemas, anseios, expectativas. Ou ninguém reparou que se deu uma grande reviravolta na agenda política do país, que deixamos de passar o dia todo a discutir a inevitabilidade das medidas de austeridade e a ameaça do FMI, para passar discutir a inquietação de uma [ou várias] gerações? Que deixamos de falar de números para passar a falar de pessoas? Que deixamos de falar de gente impotente, para falar de lutadores e lutadoras? É verdade, o lindo neste movimento foi reapropriação da agenda do poder, poder enquanto capacidade de produzir resultados, capacidade de produzir mudanças. Não pretendendo disputar "o poder", lançou uma agenda capaz de contribuir para a produção resultados. Foi isso que fez agitar o poder instituído, pelo menos aquele que nos queria fazer acreditar que não há vida além do défice.
Se o movimento não tem liderança, nem partido, se não tem programa, isso é, para muita gente, sinal de que há um "vazio" de poder, não faltando quem queira ocupar esse "vazio". Quando vejo o Presidente-de-todos-os-portugueses-que-nada-tem-a-ver-com-os-políticos [a não ser o facto óbvio de ter sido um dos políticos que mais influiu no rumo do país ao longo dos últimos 30 anos] a colar-se à geração à rasca, como se nada tivesse a ver com estado actual de coisas, não consigo deixar de pensar: olha a grande lata do Sr. Presidente. E a sua lata traz um extra, ao procurar assumir uma liderança e impor um programa: ao fazê-lo, Cavaco procura tomar as rédeas de uma agenda que não é a sua, que foi imposta a partir de baixo, procura tomar as rédeas sobre os resultados do movimento da geração à rasca. Ora, é exactamente a disputa sobre esses resultados o grande desafio que está colocado ao movimento [potenciador de vários movimentos] no [e no pós] protesto do dia 12. O desafio é o do debate sobre políticas, a procura de respostas para a crise actual. O desafio é a criação e valorização de espaços e meios para esse debate. Haja movimento e alegria para isso.
terça-feira, 8 de março de 2011
A proibição do uso do véu
A proibição do uso do véu
escrito por
Paula Tavares, em 2004
Também a opressão para as mulheres muçulmanas não reside só na obrigatoriedade do uso do véu, mas também agora na proibição desse véu. Perante a proibição do uso do véu, o seu próprio uso será agora ele próprio um comportamento de libertação face à proibição. Então de onde vem então a falta de liberdade? Vem do véu ou da sua proibição? De ambas. Entenda-se aqui o véu como sendo também o lenço na cabeça a esconder o cabelo, pois também é isso que a lei proíbe.
Não estamos a falar de burkas em que não se vêem os rostos (cujo uso é questionável por razões de segurança). Estamos a falar de lenços sobre o cabelo! Cada uma dessas mulheres não está sozinha nessa prática de cobrir o cabelo com um lenço. Está inserida num contexto social com núcleos familiares de grande interdependência nomeadamente económica, sobretudo nos sectores mais pobres. A proibição arrancará muitas mulheres de meios heterogéneos como é o caso das escolas públicas e remeterá essas mulheres para meios de condutas e ideias muito uniformizadas como é o caso das escolas islâmicas. E por sua vez, na falta de escolas islâmicas em número suficiente muitas mulheres ficarão privadas do ensino e aí sim verão a sua liberdade verdadeiramente afectada por não continuarem a sua escolaridade.
O governo francês com a proibição de símbolos religiosos ostensivos em escolas públicas estará mesmo a querer libertar os jovens de uma forma de opressão face ao domínio religioso da sua família? Ou não estará antes a marginalizar os que pertencendo a famílias mais conservadoras se recusem a abandonar esses símbolos? Estará o governo francês mesmo preocupado com a liberdade religiosa dos cidadãos franceses e com a laicidade do estado? Será esta a melhor forma de travar o avanço do fundamentalismo religioso? Ou não será antes um tiro no sapato, uma vez que os movimentos tendem a beber a sua força em medidas como estas.
Não estará o governo francês a exercer uma forma de controlo mesquinho sobre os milhões de muçulmanos em França? Garantir a liberdade religiosa implica impedir a expressão da religiosidade de cada um? Implica impor a expressão de uma laicidade mesmo que falsa? Ao concordar que o fundamentalismo religioso pode tornar-se um perigo em termos das garantias individuais e da livre expressão de pensamento, então questiono a forma de o enfrentar. Será esta lei a forma correcta?
O que o estado francês está a fazer é atacar o mal de fora para dentro. Quando a meu ver isso deve ser feito precisamente ao contrário: de dentro para fora. A libertação face a comportamentos uniformizados só pode ser um caminho individual e fruto da livre opção de cada um. Não pode ser imposto por um estado, que se julga agora regulador do comportamento e da expressão da identidade de cada um. A laicidade é a meu ver um valor, mas não deve ser utilizado como imposição face a qualquer expressão de religiosidade.
Sou laica porque assim me revejo. Mas se me apetecer usar um lenço na cabeça, quem é um estado para me proibir? Quem é essa entidade estado para determinar que um lenço na cabeça se trata de um símbolo religioso ostensivo? Pode ser ou não. E mesmo que seja? Então e as beirãs? Mulheres que ainda hoje gostam de usar lenço, pressuponho que em parte pelas mesmas razões que os homens usam chapéus. Lenços coloridos para se protegerem do sol no campo e depois uns lenços mais discretos para ir à igreja. Todos esses lenços viraram entretanto a forma de expressar a identidade de uma cultura. Se é verdade que o uso do lenço não foi mantido pelas gerações mais novas, o mesmo não se pode dizer de outros símbolos como a cruz ao peito ainda hoje em uso e associado ao catolicismo. Esse não perdeu força. E vamos agora combater a influência do catolicismo limitando o uso da cruz ao peito? Um lenço a tapar o cabelo ou uma cruz ao peito não constitui nenhuma forma cruel ou irreversível de limitar um ser humano. Mas se assim for sentido por quem o usa deve ser o próprio a conseguir prescindir desse símbolo.
Ao contrário de outras formas, essas sim irreversíveis, como a excisão do clítoris em raparigas de 6 anos ou a circuncisão a bebés do sexo masculino, em que deve ser uma entidade supraindividual a garantir que tal não aconteça antes da idade adulta. Essas formas sim devem ser impedidas de ser impostas, pois são praticadas em idades muito jovens em que o indivíduo não pode decidir em consciência sobre o seu próprio corpo, agravadas pelo facto de muitas vezes deixarem lesões graves para toda a vida. Essas sim devem ser proibidas pois constituem uma violação ao direito que cada indivíduo deve ter de decidir sobre a integridade do seu corpo.
Agora o uso de um lenço na cabeça ou de uma cruz ao peito?
Esta lei do estado francês que afecta sobretudo os muçulmanos em França mas não só, deve ser combatida por todos os que não desejem ver a expressão da sua identidade comprometida ou a sua individualidade violada.
Qualquer dia temos a proibição do sinal na testas das indianas. E não só. Podemos imaginar a proibição do uso de coleiras pelos movimentos punk, a proibição da ostentação de tatuagens ou piercings, a proibição da ‘gay parade’, a proibição de um autocolante ao peito, ou de uma camisola com inscrições ou mensagens. Enfim arriscamo-nos à proibição de todas as formas de expressar a identidade relativamente a uma ideologia seja ela religiosa ou não, devido ao risco de isso poder potenciar um extremar de posições ou um conflito social.
Se é certo que a necessidade de identificação com a religião parece emergir sempre e de novo na humanidade, sendo aí que os interesses geo-estratégicos, políticos e económicos se estão actualmente a alimentar para fomentar e perpetuar guerras. Também é certo que é na injustiça social e na miséria que encontram o maior recrutamento de pessoas. Há excepções, mas o maior recrutamento vem de meios bastante pobres e marginalizados.
É nas pessoas que não têm emprego nem oportunidades de realizarem os seus sonhos, é nas pessoas que viram os seus familiares perseguidos e desaparecidos, é nas pessoas que já nada têm a perder, que a identificação face a um movimento fundamentalista (religioso ou não) surge mais facilmente como uma última missão. Portanto a sociedade civil tem que acordar e olhar para as verdadeiras causas em vez de se deixar entreter com os enfeites. E de novo aqui, em vez de grandes lideranças, urge a manifestação da consciência em cada um de nós.
domingo, 6 de março de 2011
esta é dedicada a tod@s @s desempregad@s do nosso país
imaginação ao poder.
e pessoas boquiabertas, e mal estar nas cadeiras, e a surpresa, como que esperançosa de que uma maré revolucionária se avizinha.
e mais uma vez a música tem poder.
resta dizer, luta, luta, camarada, luta.
cá por mim, ainda estou em estado de choque...
Em Angola, quebrando o gelo
Mobilização para o protesto dia 7 em Luanda:
Se vivermos até lá...
Ti Zé tira o pé, tô prazo expirou há bwé
sexta-feira, 4 de março de 2011
Colectinvidualizando
Melhorando a pergunta: Alguma vez você se sentiu mais colectivo que indivíduo?
Complexificando um pouco mais: Já fizeste o exercício de tentar ser e viver mais colectivamente do que individualmente?
Psicologizando um pouco: Tens medo de perder a tua individualidade em um colectivo?
Teorizando: Consegues pensar o indivíduo sem estar em um colectivo e um colectivo sem ser composto por indivíduos?
Confrontando: Achas que tens mais força individualmente ou colectivamente?
Subjetivizando: Consegues amar sozinh@?
inside out
as ruas, os telhados, os comboios, os muros, com as caras das pessoas, não sei se vou mudar o mundo, mas cada vez que vejo um sorriso na cara das pessoas....
Em Inside out, um projecto artístico de grande escala que transforma mensagens de identidade pessoal em peças de trabalho artístico.
As pessoas, o poder e a política
está na base da legitimidade das nossas sociedades
Não tenho a mínima ideia se estamos ou não a assistir ao fim do sistema capitalista - reconhecendo no entanto que muita coisa tenderá a mudar -, e muito menos que tipo de forma de organização social virá a seguir - isso requereria um exercício de futurologia que não me sinto capaz de fazer -, mas o argumento da vulnerabilidade do sistema às forças a que estiver sujeito (de resto, relativamente óbvio) tem-me feito pensar, e muito. O autor diz que, ao contrário de períodos de estabilidade em que produzir mudanças requer um esforço semelhante ao necessário para mover uma montanha (metáfora minha), em períodos de crise um pequeno movimento, ou uma pequena pressão podem ter efeitos tremendos. Por um lado, às vezes dou por mim pasmada em como actores como os mercados financeiros têm sido capazes de pôr e dispor de países inteiros; por outro, nunca uma crise englobou tantas crises [incluindo uma alimentar e uma ecológica], o que faz aumentar exponencialmente os efeitos do que quer que seja. Nos últimos tempos, tenho-me perguntado, e não serei a única, onde é que isto vai parar? É que o lema para pior já basta assim, não tem aqui cabimento: pior nem pensar, mas assim tampouco...
A propósito do post da Camila, e olhando o ambiente actual de vale de tudo [vale tirar trabalho, tecto, acesso a cuidados de saúde e medicamentos, ensino, ou sabe-se lá mais o quê... , isto tudo porque em nome da (ir)racionalidade do mercado, tudo tem de ter um preço] tenho me perguntado: Onde é que está a (ou há) humanidade nisto tudo? Como é que se condiciona esta coisa em ebulição indo além do jogo táctico, do perde-ganha? Isso remete-nos para uma questão de fundo: onde é que entram aqui as pessoas? Sobre isso tenho muito poucas dúvidas, embora a certeza seja apenas um esboço muito genérico: uma saída minimamente humana da crise, que não desemboque em algo fascizante, ou em barbárie, requer colocar as pessoas, e não os mercados, no centro das prioridades. Isso implica empoderá-las, colocá-las no centro da polis. Isso poderia ser tão simples, não é? O problema é que poder e política são palavras tão gastas no seu uso associado ao abuso, à corrupção, à demagogia, à incompetência, ao tacticismo, que se torna impossível fazê-lo sem definir os termos, e os usos dos conceitos de poder e política. Em suma, é necessário garantir uma reapropriação, pelas pessoas, dos conceitos de poder e de política. Esse será o tema dos meus próximos dois posts, um dedicado à questão do poder, o outra à da política.
quinta-feira, 3 de março de 2011
Queremos outro mundo...
quarta-feira, 2 de março de 2011
Revolução pacífica na Islândia, media black-out
Resultado: 93% do povo islandês disse que não...
Sobre esta coisa bonita mais info aqui: http://blog.nous-les-dieux.org/revolution-pacifique-en-islande-black-out-des-medias/
terça-feira, 1 de março de 2011
nada é impossível de mudar
E examinai, sobretudo, o que parece habitual.
Suplicamos expressamente: não aceiteis o que é de hábito como coisa natural,
pois em tempo de desordem sangrenta, de confusão organizada,
de arbitrariedade consciente, de humanidade desumanizada,
nada deve parecer natural nada deve parecer impossível de mudar.
Bertolt Brecht